terça-feira, 24 de novembro de 2009

Pela mesma janela...


As vezes eu olho pros dias de hoje e vejo como eles passam mais rápido; como o tempo tem passado mais rápido de uns tempos pra cá. Se você me perguntasse eu não saberia dizer desde quando, mas posso afirmar com toda a certeza que: de fato o tempo parece mais curto, menos proveitoso, menos "senhor das coisas" do que antes.
Eu me lembro quando eu era uma criança (e isso não faz tantos séculos assim), eu tinha a sensação de que eu e as pessoas ao meu redor tinhamos mais tempo pra fazer o que queriamos e precisavamos fazer, e que o tempo era mais proveitoso e gasto mais saborosamente, saca?
Nas tardes de verão os vizinhos se sentavam na frente de suas casas conversando, rindo, até fofocando, como se dispusessem de todo o tempo do mundo. E além do tempo, que parecia ser mais nosso amigo do que hoje; os laços entre as pessoas pareciam ser mais estreitos e as relações mais amigáveis... Hoje, eu saio pelas ruas e não ha uma viva alma que não esteja com fones de ouvido conectados aos seus "bebezinhos" eletrônicos. Eu sinto que aos poucos estamos deixando de ser os ciradores das máquinas para ser seus semelhantes. É inconcebível pra mim, que hoje em dia haja crianças de 6, 7 anos, que prefiram ficar horas a fio com os rostos colados numa tela de tv com um video game ligado, ou num computador ao invés de sair correndo por aí, se sujando e com os pés cheios de terra ou lama.
Quando eu era pequeno, costumava ficar sozinho em casa (por motivos que não vem ao caso neste post), eu achava que minha casa era o maior lugar do mundo, saia explorando cada cômodo, cada fresta, sempre procurando e encontrando alguma coisa que os meus olhos ainda não tivessem visto... Eu vivia a maior parte do tempo sozinho, mas não solitário... O tempo era tão meu amigo... E isso não se deve de maneira nenhuma à falta de preocupações, crianças também tem preocupações, embora elas pareçam invisíveis aos olhos insensíveis dos adultos. As preocupações de uma criança são apenas diferentes, mas existem, e são tão palatáveis quanto as de qualquer senhor por aí. Grande parte do que, e de quem eu sou se deve a minha despreocupação ao mostrar meu lado criança: criança não tem hora pra falar o que pensa, e o que sente, criança não perde a hora porque criança não tem hora marcada, criança tem medo só do que não pode fazer.
Hoje ainda, por idade e por atribuição; mais adulto do que nunca, eu continuo me permitindo algumas coisas, ainda saio andando por aí sempre que posso, sem rumo, sem um "por que" específico, explorando o mundo, ja que minha casa não me parece mais tão imensa como ja foi, ainda procurando em cada rua, em cada lugar, alguma coisa que meus olhos (agora mais maduros, porém não menos curiosos) ainda não tenham visto, ainda acordo de madrugada e vou pro quintal, pra cima da casa, e fico olhando pro céu, pra cara da lua quando ela resolve aparecer, quando faço isso gosto de ficar imaginando quantas pessoas mais estão fazendo isso, se é que estão, e se estão: em que estão pensando... Se existe alguém por aí que vê um pouco do mundo que eu vejo, que alimenta as ideias que eu alimento, se existe mais alguém olhando o mundo pela mesma janela que eu...

4 comentários:

  1. nossa... que viagem seu texto... uehehe muito bom, senti mesmo o clima dele...

    sinto a mesma coisa, quando criança o tempo era muito bem aproveitado, as brincadeiras, as explorações - parecia que um dia rendia tanto... hoje não é mais assim... sinto falta às vezes...

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  2. Hoje, simplesmente acordamos e quando nos damos conta, estamos deitados e preparados para dormir.

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  3. Nossa, eu amei seu post moço!
    Vc me proporcionou lembrar dos momentos mais lindos da minha vida: a infância, a melhor fase, se me permite dizer ^^
    Confesso que viajei um pouco, hehehe
    Valeu!
    Que legal que vc fica olhando a Lua no quintal, eu tbm adoro fazer isso! As estrelas me enfeitiçam e posso ficar um tempão lah, só olhando... parece um presente, neh? Sem contar que são ótimas fontes inspiradoras para poemas, textos, etc, hehehe

    T+!

    P.S.: Valeu pela visita no meu blog ^^

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  4. Nossa, que palavras mais envoltas em sonhos....Dá para viver o que se é lido, sem sair do chão. Muito lindo!
    Mas ao mesmo tempo um pouco melancólico, afinal aprentemente, realmente o tempo não é mais nosso amigo, ele se perde...Evc nem percebe. Sobre coisas que deviam se encontrar e se perdem, isso é tão triste...E a nossa esperança, de ter alguém que olhe do mesmo modo que a gente, em algum lugar, passando pelas mesmas coisas, procurando por nés, sem saber que existimos me deixa um pouco triste também. Mas o texto ficou lindo, assim como varias coisas lindas são tristes.

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