terça-feira, 21 de agosto de 2012

Todas as coisas...


Compreensão. Esse é o grande ponto, e a grande ponte que separa as pessoas. A inabilidade em ouvir e mais do que ouvir, sentir as palavras que saem da boca de outra pessoa, da forma que são, como expressões dos próprios sentimentos. E se não compreendemos as palavras, como nos julgamos, ou podemos nos julgar capazes de compreender um sentimento? Quantos mais nos julgamos aptos a compreender os sentimentos alheios, menos o somos. Não se pode compreender um sentimento, assim como não se pode saber o que há, de fato no núcleo do Sol, já que não se pode tocá-lo, de modo que a única forma de determinar isso é através das imagens que temos de sua superfície - As palavras, as atitudes, as demonstrações, disso ou daquilo, são a superfície dos sentimentos, e sem a correta interpretação disso não há como se saber o que há no núcleo deles. Cada um de nós tem sua forma de ver as coisas, essa pode ser tocada, é palatável, e sobretudo cada um de nós tem sua maneira de SENTIR as coisas, e essa pode ser deduzida, imaginada, mas a única forma de fazê-lo é quando os ouvidos estão tão aptos e ávidos a ouvir, quanto a boca está à falar; acima de tudo quando a alma está tão disposta a compreender, entender, quanto a mente está disposta à julgar, condenar. Porque em tudo, a visão humana é absolutamente limitada, da mesma forma que todo aquele que credita ter alcançado um saber definitivo não sabe nada. Porque você pode achar que sabe quantas estrelas existem no céu, ao final da tarde, até que anoitece e você se dá conta de que aquilo que conhecia era muito menos do que uma mísera fatia da verdade... Eu, sei que há um preço a se pagar pela sinceridade, e por isso o que mais me magoa não é a intolerância ou a inabilidade das pessoas de perceber que há várias formas de SER, e que muitas delas estão muito longe de ser condenáveis, mas sim a falta de interesse por enxergar a si mesmas como são. E como nós somos? Somos seres complexos, incompletos, e acima de tudo DIFERENTES em nossa essência. E explicar nossa forma de agir, ou tentar fazer com que as pessoas sejam parecidas umas com as outras, ainda que em apenas alguns detalhes, é como querer que todas as flores do mundo tenham o mesmo perfume, a despeito de terem nascido de diferentes sementes, de terem sido cultivadas em diferentes solos, ou de terem recebido mais ou menos água das chuvas. Diferentemente dos animais nós fomos dotados de sentimentos e essa é, possivelmente, a maior dádiva da criação, e isso é algo que foge ao nosso controle, os sentimentos, porque é algo que está em nós, mas não foi criado por nós. Então, como pode-se julgar certa ou errada a maneira que um filho se dirige a um pai, sem que se conheça a base dessa relação? Como pode-se julgar reto ou tortuoso o curso das águas - de sua fonte até sua extinção - sem conhecer-se por completo o trajeto do rio? Eu faço questão de dizer que minha intenção, não é de maneira nenhuma simplesmente escrever palavras bonitas, já que as palavras não seriam nada sem o significado por trás delas - os sentimentos - e dessa forma eu posso dizer que aqui estão meus sentimentos, ou pelo menos o mais próximo da expressão deles, que as palavras poem reproduzir. Eu posso dizer, sem medo algum, que a maior parte dos meus momentos é de paz de espírito, de alegria, embora ninguém seja "feliz" e tampouco "triste" ou calmo, ou agressivo, ou generoso, ou mesquinho, já que todos os sentimentos são meramente transitórios dentro dos corações dos imperfeitos, dos homens - dos nossos corações. Por isso eu não me permito à ação de julgar, de presumir, de concluir que isso ou aquilo, ou essa ou aquela formas de pensar, de sentir, já que tudo isso é meramente transitório e de forma alguma mostra o todo da natureza humana. De forma alguma mostra o todo de suas reais crenças, de forma alguma mostra o todo de sua ligação com o altíssimo, com o que não se pode nomear ou compreender ou mesmo enxergar através da limitadíssima janela que é o entendimento humano. Nenhum de nós têm a chave que abre o cofre da verdade ou a luneta que permite enxergar aquele imensurável, incompreensível, infinito e indecifrável que acendeu a luz da criação. E ainda, mesmo dentro de nossa infinita falta de compreensão daquilo em que nós mesmo acreditamos, muitos de nós, nos permitimos julgar a forma dos outros de sentir aquilo que é inexplicável.  É triste, se pensar que praticamente todos creem poder dominar a melhor forma de ser humanos. E por fim, eu creio e mais do que CRER eu sinto, que perdidos em meio a tudo isso, aos julgamentos, as tentativas de fazer o infinito caber dentro de uma caixa, muitos de nós nos esquecemos da compaixão, e do amor incondicional que deveria habitar em nós. E eu creio, e mais do que crer eu sinto que DEUS é sobre todas as coisas o amor, o amor incondicional. E em sua busca insaciável por tentar fazer com que as pessoas invariavelmente vejam as coisas à sua maneira as pessoas estão se esquecendo dele, que é a razão inicial e final de todas as coisas...


- André,

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