domingo, 2 de outubro de 2011


Aquele Sol, que primeiro escaldou meu peito, trouxe-me a bela face da verdade, revelada na luz dos seus argumentos. Admitindo meu erro, levantei minha cabeça para melhor expressar minha confissão, mas, antes que eu pudesse abrir a boca, uma nova visão me surpreendeu. Ela tomou minha atenção e fez que esquecesse a confissão.
Numa superfície lisa, parecida com um vidro transparente ou a superfície de um lago tranqüilo, eu vi rostos refletidos. Pálidos, pareciam ansiosos por falar. Acreditando serem mesmo reflexos, cometi o erro oposto ao de Narciso, e virei-me para vê-los de frente mas não achei ninguém. Então olhei para a luz da minha doce guia. Ela me olhava sorrindo.
— Não te admires por eu estar sorrindo por causa de tua reação infantil — disse ela. — É engraçado que não confias no que vês diante dos teus próprios olhos, e te viras para procurar no nada. São substâncias verdadeiras o que tu vês. Estão nesta condição porque quebraram suas promessas. Fala com elas, e crê no que elas te disserem, pois é Luz verdadeira que as ilumina e não permite que faltem com a verdade.


Canto III - Almas na Lua - Piccarda - Constança.

A divina comédia.
 - Dante Alighieri - 

2 comentários:

  1. Quando tiver oportunidade vá,por que é ótimo
    Bom domingo...
    =D

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  2. Olá André,


    Reconhecer o erro é muito digno. Você tem um estilo único na escrita, parabéns! Desejo uma ótima semana. Kiss!! Kiss!!

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