- Vô, o que é a "verdade"?
- A verdade é como um bolo bonito na vitrine daquela padaria, ou como um legume verde, amargo e gosmento.
O garoto franziu o cenho, quando imaginou a figura do legume viscoso e ao mesmo tempo, por não entender o que o almoço e a sobremesa tinham a ver com a pergunta que fizera. O avô sorriu cheio de sabedoria, embora, como fazem os reais sábios, não se vangloriasse dela - ele caminhou em direção à padaria e fez sinal para que o neto o seguisse.
- Vamos, toque no bolo.
- É de plástico! - impressionou-se o garoto.
- Algumas estórias, teorias e crenças, na vida, são como este bolo; por serem bonitas e convidativas, aparentemente, as pessoas às tomam como verdades incontestáveis e as defendem com a própria vida ou morte, se necessário, mas nunca se dão ao trabalho, ou arriscam tentar tocá-las para sentir a real consistência daquilo. Entende?
- Sim vovô. Tem gente que acha melhor imaginar um gosto doce que nunca chega na boca do que experimentar, ver que o gosto é uma droga e procurar um doce bom de verdade - discorreu o garoto.
- Ou fazer um! - completou o avô.
- Vovô, mas e sobre o legume gosmento?
O avô sorriu, feliz, pela curiosidade do garoto sobre as coisas da vida.
- Algumas coisas na vida "filho", são como legumes verdes e viscosos - nós, quando não temos coragem e entendimento, recusamos experimentar esses legumes acabamos por nunca descobrir que eles, na realidade, nos fazem crescer, nos tornam fortes e saudáveis. Um doce que pode incapacitá-lo frequentemente é mais atraente que um amargo que alimenta sua vida.
- É por isso que a mamãe me faz comer giló toda semana! - e fez uma careta.
- Sim. É por isso... É por isso...
- André Walker -
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