Longe do fim do mundo...

Eu continuo andando e vendo as pessoas que andam pelas ruas alheias à suas próprias vidas. É engraçado que elas reclamem do preço do feijão e da passagem de ônibus (que em São Paulo, pasmem, custa três reais), mas ainda assim dizem que não gostam de se "envolver" em "política", política não significa assistir ou mesmo compactuar com as hordas de palhaços engravatados que se sentam em plenários suntuosos e fingem fazer algo por pessoas com as quais eles não se preocupam de fato, política é a arte de viver sem matar os outros para isso. Vejo as pessoas ralando seus joelhos e pedindo aos céus para que suas vidas sejam longas e prósperas enquanto, quando têm a oportunidade, pegam mais para si do que precisam para sobreviver, empurram e acotovelam pessoas no metro ( e ficam se achando malandras bagaraio porque conseguiram um assento. escrotos!). Não sei se isso é um privilégio, que tenho, mas eu posso perceber nas pessoas; um olhares furtivos, uma certa "esperteza" desonesta, uma pressa por superar o outro a qualquer custo, um medo de ser atacado; que acaba por se transformar numa agressividade desmedida. Enfim... Eu gosto de reparar nas pessoas quando elas estão destraidas e nada toma o foco de suas atenções. Quando você olha para os olhos de uma pessoa, que acredita não estar sendo observada, estes revelam o que é realmente é por dentro. Eu tenho me assustado com o que vejo, embora não me surpreendido... Mas prefiro continuar olhando tudo pelo lado de fora... Longe do fim do mundo...


- André Walker -