... Do passado

... Eu ainda me lembro de cada sensação, cada imagem e cada cheiro; Os lugares pareciam imensos e misteriosos. Cada fresta, até as do meu prórpio quintal, pareciam esconder um mundo inteiro atrás de si. Sabe, as coisas. Os lugares tinham outras cores, os perfumes outros cheiros e as frutas outros gostos... O tempo veio e levou embora quase tudo isso. A vida "adulta" é, meio como, um acinzentamento das coisas. O lado frio de algumas verdades vem e aí você vê que não é tão fácil sustentar seus sonhos, alimentá-los, saca?
Pode parecer absolutamente maluco, mas eu acredito que a vida que nós vivemos, nosso passado e nosso futuro, pode ser apenas (ou incrivelmente) uma estória que alguém, em algum lugar, está contando (claro, eu devo ser maluco); quando eu era criança eu pensava que as estórias que eu imaginava (desde pequeno eu conto esórias pra mim mesmo, eu tinha e tenho todas registradas na minha cabeça. Eu só não escrevia todas elas porque ainda não sabia escrever nem meu nome! Mas agora eu já faço isso) se tornavam realidade e que estavam realmente tomando forma e acontecendo em algum lugar no qual eu jamais chegaria. E sim! Ainda hoje eu acredito nisso e por isso eu escrevo tanto.  E cada uma das estórias têm um pouco do gosto do passado. De ser criança... Toda vez que escrevo alguma coisa como esse texto (que é, na realidade, uma mensagem para aqueles que puderem entender) eu me lembro dessas coisas, dos sabores do passado, simples e completamente mágicos. O cheiro do pão e do leite de manhã ( que hoje a pressa não te deixa mais sentir). De achar que se eu conseguisse pular bem alto poderia dar um tapa na Lua. De achar que abrindo uma caixa de madeira (que existe até hoje) na parede da minha sala eu iria paraem outro mundo (e olha que eu nem tinha lido As crônicas de Narnia)... São essas coisas que me fazem sentir vivo... São essas coisas que são esquecidas pelas pessoas e fazem com que elas morram antes mesmo de envelhecer...

- André Walker -