domingo, 1 de agosto de 2010


Hoje, como em alguns dias acontece, eu senti o cheiro do passado, de dias que talvez não fossem mais fáceis do que esses, apenas diferentes; Quando eu ainda não sabia de algumas verdades e quando sabia de algumas outras que hoje esqueci. Era fácil caminhar sem o peso da responsabilidade de sonhar com os olhos abertos, de não poder fechá-los e caminhar seguindo o som da sua própria alma. Era mais tranquilo ser criança e não ter consciência do impossível, quando só o que importava era aquilo que eu podia fazer, imaginar, desejar. Foi a época do desejo impossível que viveu e cresceu até surgir a impossibilidade para provar que os tempos mudam e as marés tomam rumos que nos levam ao fim de tudo o que pensamos ser indelével. Mas o cheiro ainda é bom, daquela época. Quando o frio não doía na pele, era apenas uma razão para acender o fogo e se aquecer ou andar na rua abrigado embaixo das roupas, como se fosse uma casa. O calor não era um incômodo, apenas uma desculpa para ir até o quintal à noite e ver as estrelas no céu sem parecer maluco, é bom sentir o cheiro do passado e fico feliz por ainda me recordar dele, da infância que se foi levando com ela alguns sonhos de dias diferentes de hoje. Mas a infância da alma não acaba nunca e essa ainda me trás o cheiro dos dias que se foram e me conduz aos dias que virão; de sonhos e descobertas...





- André Walker -

Um comentário:

  1. Você não se perdeu no tempo meu amigo... seu menino anda está aí, posso vê-lo, só deixe que ele veja as estrelas novamente, e adormeça com o seu brilho na alma.

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