terça-feira, 29 de dezembro de 2009

"Porque o único sentido oculto das coisas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as coisas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos: —
As coisas não têm significação: têm existência.
As coisas são o único sentido oculto das coisas."




- Alberto Caeiro -

Uma rachadura no muro...


Isso é irônico mas é real.
Eu não costumo reclamar da vida, por mais que as coisas estajam longe de estar perfeitas. Eu raramente reclamo. Eu sou atingido pelas mesmas coisas que todo mundo, apenas reajo de forma diferente. Sou otimista, mas não maluco quando as coisas vão mal eu também me afeto. Mas meu otimismo e senso de futuro são mal interpretados. As pessoas acham que só porque eu encaro as coisas de uma forma menos auto-destrutiva eu não preciso de nada nem de ninguém... Que eu posso me virar completamente sozinho em qualquer situação. Isso é estranho. Não é porque eu não fico gritando pedindo socorro que eu não precise de um helicóptero quando meu barco virar e eu cair na água.
Força e otimismo não são inabalabilidade, nem falta de necessidade de falar.
Nem todas as falhas tem escudos mas todos os escudos tem falhas, eu posso ter um muro em volta da minha tranquilidade, para resguarda-la, protege-la. Mas todo muro tem rachaduras. Mas dessa vez eu suspeito que vou ter que gritar pra mim mesmo, e procurar... Enfim...

sábado, 26 de dezembro de 2009

Dos males da mente há de se cuidar, mais até do que os do corpo, porque ha quem diga que a mente nos acompanhará onde o corpo não mais puder.


- André Walker -
"Aquele que quebra uma coisa para saber do que é feita, está deixando o caminho da sabedoria."


- J.R.R Tolkien -

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Gostei dessa música...

Hoje eu tava andando numa praça, aqui, muito longe de casa, e ouvi essa música. Eu nem a conhecia mas alguma coisa nela me fez me sentir bem, leve, de alguma forma. Como eu falo inglês razoavelmente bem, eu memorizei o refrão e a partir dele descobri de quem era a música e qual era o nome.
Aqui está a letra:









 Open Your Eyes

domingo, 20 de dezembro de 2009

No olho da tempestade



Isso é um dos meus chamados "instintos suicidas". Talvez isso seja uma definição errada, eu apenas gosto de estar perto de onde a tempestade acontece, onde as coisas se movem, para o bem ou para o mal; de ir lá, no centro das coisas e descobrir qual é minha participação e qual pode ser minha contribuição na história. Perder ou ganhar não importa, o que importa é a emoção de estar "lá". Sentir o sangue correndo nas veias, deixando o coração bater no rítimo dos meus próprios passos.
Eu creio que até os mais "tranquilos" e "pacíficos" gostam as vezes de esperimentar o sabor da loucura. Uma loucura nunca é em vão. Ainda que você a faça apenas pra provar a sí mesmo que pode fazê-la. Essa é uma das minhas motivações pra ir em frente... Tentar fazer o que eu mesmo sempre achei que era impossível, e se for fazer algo que ja foi feito, fazer à minha própria maneira. Deixar lá a minha assinatura, quando a história estiver escrita.
Eu vivo pra sentir sempre uma emoção nova, como uma criança. "Eu sou uma criança jogando xadrez com o futuro"... E se possível quero ser mais que um observador da tempestade. Quero ser uma de suas forças, e estar no olho da tempestade...

sábado, 19 de dezembro de 2009

"Niguém é mais irremediavelmente escravizado do que aqueles que falsamente acreditam que são livres."

- Goethe -

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Sobre laços e nós...


Eu penso nas minhas relações com as pessoas, sejam de amizade, ou de amor, como um fio; um fio que de alguma forma me liga à alguém. Mas ha duas formas de utilizar esse fio, essa corda. Você pode fazer dela um laço, ou um nó.
Eu, faço das minhas relações um laço, porque ha uma diferença entre laços e nós.
Um laço é algo de certa forma sutil. Mais agradável de se olhar, e sentir do que um nó. Um laço não é feito às pressas, é trabalhado, não é feito à força, mas pode ser mais forte do que um nó, porque sua estrutura é mantida simplesmente pela vontade daqueles que estão segurando suas pontas. E quando um laço é desfeito, a corda, o fio, continua intacto, assim como as duas partes que o sustentam.
Os nós por sua vez, são feitos sem paciência, sem vontade, por necessidade ou obrigação, ás pressas. Acabam por emaranhar o fio, e quando tem que ser desfeito, fatalmente tem que ser quebrado, danificando tanto o fio quanto as partes que o sustentam.
Por isso eu ópto sempre por criar laços (ainda que levem algum tempo pra serem feitos), e não nós. As coisas boas são as que se sustentam por sí só. E assim são os laços. Eu vivo de criar laços, e não nós, e se um dia eles precisam ser desfeitos apenas se tem que puxar levemente as duas pontas e assim ele se desfaz sem que o fio leve preso a sí uma parte de mim. Assim, eu e não o tempo, defino o que definha ou subsiste, criar laços é ter uma alma livre...

I'm a soul of the wind...

De olhos bem fechados...

Ultimamente minhas retrospectivas do dia que se passou (aquelas, involuntárias que acontecem antes de a gente dormir) tem sido mais movimentadas, até mais violentas do que de costume. Hoje ha mais coisas mexendo com a minha cabeça do que antes, eu costumo terminar meus dias cansado. Inclusive por isso as retrospectivas tem sido curtas, embora mesmo assim, violentas. Mas por incrível que pareça, quanto mais violentas as retrospectivas, melhor eu durmo depois; é como se eu enfrentasse tudo naqueles poucos minutos e acabasse com o que me incomoda nesse curto espaço de tempo.
Apesar das "tempestades internas", eu tenho acordado muito bem nos dias seguintes à elas, é como se eu literalmente começasse tudo denovo no dia seguinte; como se tudo se apagasse deixando uma lembrança firme, porém pouco mordaz, saca? Acho que to aprendendo a levar a vida de um jeito mais leve, mais equilibrado... Emoções fortes nas horas certas, e pensamentos leves pra compensar os sustos. Sem me prender à nada, a nenhuma ideia, a nenhuma vontade desenfreada, lidando com a vida com leveza, um dia de cada vez, e... vivendo "viver é a coisa mais rara do mundo, a maioria das pessoas apenas existe".
Pra que surtar? Pra que se desesperar se amanhã começa tudo de novo...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

"Nada é bastante para quem considera pouco o que é suficiente."

- Epicuro -

domingo, 13 de dezembro de 2009

Anjos e Demônios...


Eu me sinto um estranho nessa Terra... Embora nem sempre tenha sido assim.
Á noite quando eu fecho os olhos, quando eu assimilo a vida, as lembranças voltam. Mas por muitas vezes eu sinto como se recuperasse lembranças de coisas que eu nem sei se aconteceram. É como se eu me lembrasse de um dia ja ter vivido num mundo muito parecido com esse, mas de alguma forma diferente. Talvez seja apenas o espólio de uma concepção de um mundo onde eu gostaria de viver, com pessoas, lugares e épocas parecidas com estas, mas em sua essência diferentes.
Eu não sou mal, nem bom, sou apenas da forma que minha consciência e as circunstancias exigem que eu seja, mas seja como for, eu sou sempre eu. O que no mundo onde vim parar, as vezes parece inútil e fora de propósito. Afinal, a sinceridade pode mesmo tirar alguém do lugar onde está, e levar esse alguém para um lugar melhor? Ou, pelo menos mante-lo onde está, firme sobre seus próprios pés, quando você abaixa seus escudos e se desarma, venha o que vier?...
Eu começo a me convencer que o conhecimento (da vida como ela é), ao mesmo tempo que te liberta, te atira aos leões e te deixa na dependencia da força de suas próprias pernas. mas você sabe que não poderá correr mais que eles, Os leões. Então, o que fazer? Você sabe que eles desejam o seu sangue, e que a natureza os fez mais fortes e mais rápidos que você. Mais fortes porque eles não exitam em atacá-lo pra sobreviver. Não exitam em usar sua força deslealmente maior pra capturar a presa, pra satisfazer seu desejo, a despeito dos desejos de sobrevivência da presa. Alguns esperam o impossível o impensável... Esperam que o predador exite, e esses infelizmente não são poupados... E diante disso, tudo o que resta a fazer é deixar seus instintos me dominarem, me tornar um dos Leões, deixar de ser aquele que é atacado e passar a ser o que ataca, o que corre, corre apenas pra satisfazer sua própria necessidade de sobreviver. Infelizmente, o mundo onde vim parar está cheio de Leões. Um mundo onde somos obrigados a vagar por emoções reprimidas, e às reprimimos porque as emoções nos tornam fracos, e tiram nossa qualidade de predador. E infelizemnte, quando você empurra uma montanha de circunstâncias e ela não se move, significa que é você quem dever se mover e não a montanha. Num mundo de predadores e presas se você não é o predador, você fatalmente será a presa... A decisão final, é sua, e você está sozinho. - "Seja rápido ou morra", é isso o que as vozes do mundo dizem.
Alguns dizem que somos vítimas de nós mesmos, mas, não! Nós somos vítimas de nossas escolhas, escolhas que são motivadas pelo desejo, e o desejo em sí mesmo é um forma de custódia.
As vezes a vida parece resumir-se a uma decisão cruel entre se deixar levar por desejos inconsequentes ou deixá-los pra trás e se entregar à frieza da sobriedade... Por fim, o dom da decisão é a minha maior dádiva e a minha maior maldição.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Última página do meu livro...


"Longe do fim do mundo" (O livro).


- Um sonho de liberdade -
Capítulo 11.

(Penúltima e última páginas)







Aos poucos eu comçava a recobrar os sentidos, mas ainda assim, em meio a um certo torpor; que foi interrompido por uma dor aguda, lancinate, em meu braço esquerdo assim que tomei consciência dele, e tentei movimenta-lo. Um erro que eu tomaria todo o cuidado para não cometer novamente ja que a dor quase me tirou os sentidos outra vez, embora eu estivesse a ponto de agradecer por ela. De certa forma era tentador fazer outro movimento brusco com o braço ferido, para que a dor testemunhasse que eu de fato estava vivo. Mas, considerei que seria melhor não me auto inflingir mais dor e correr o risco de perder novamente a consciência. Embora eu ainda não me desse conta disso, os momentos que viriam a seguir exigiriam cada fio de minha cosnciência. Ainda de olhos fechados, comecei a atinar para as outras partes de meu corpo além de meu braço mais evidentemente ferido. Meus músculos foram voltando a responder, um a um, como lâmpadas que se reacendem aos poucos após um blackout. Agora, de uma forma que nunca desejei, comecei a tomar consciencia de quão minuscioso era meu corpo, ja que, em cada músulo; cada fibra, e em cada fribra cada célula parecia responder aos comandos de me enviar dor. Meu tato embora prejudicado, me informou que havia algo tocando em meu braço são. A essa altura eu ja estava suficientemente lúcido para identificar uma mão acariciando de leve um de meus braços. Reuni toda a coragem que me restava e abri os olhos, mesmo à luz fraca eu pude ver que era Aurora quem estava ao meu lado. Os olhos dela se arregalaram e os lábios se curvaram para baixo numa expressão que era um mix de perplexidade e alegria, como uma criança que ganha um presente maior e melhor do que esperava. Eu adorava ver aquela expressão no rosto de Aurora, nestes momentos eu podia claramente enxergar o interior dela, as certezas, as dúvidas, as inseguranças e os sonhos, através dos olhos que se tornavam janelas, inexplicávelmente, àquilo a deixava ainda mais bonita.
Naquele momento eu pude ouvir o que ela pensava: Nunca mais me dê um susto desse, Adam!
-Ta bem, eu prometo que vou tentar! - Respondi. Ela corou, provavelmente se esqueceu que eu podia ver pessoas mortas, e ocasionalmente ler um ou outro pensamento.
-Dessa vez eu realmente pensei que...
-Credo! Você estava me velando? - Interrompi.
Por anos eu de certa forma busquei a morte, e agora que eu a tinha sentido tão perto a idéia me deu arrepios.
-Seria bom se você começasse a deixar que as pessoas falassem ao invés de forçar um monólogo! - Ela sorriu, anulando a bronca.
- Mesmo que você não fale eu ainda sei o que você quer dizer... E se eu te respondo deixa de ser um monólogo! - Eu disse. Enquanto erguia o dedo para tocar a têmpora de Aurora.
Um erro grave que quase me fez soltar um grito de dor. -Bem feito! - Disse ela, mas seu olhar de preocupação invalidara outra bronca.
A nossa pequena "discussão" nos distraira inicialmente para os acontecimentos à nossa volta.
A temperatura no porão parecia amenizar-se, o frio havia passado, mas não fora subistituído por calor. Era uma sesação aconchegante muito diferente do frio, mas não chegava a ser cálida, era como a sensação de não se ter sensação. Como perder o tato e ainda assim sentir o toque de todas as coisas no mundo. A medida que a temperatura se alterava, também se alterava a visão e os sons. O velho porão da Greenvalley School, agora parecia ter outra aparencia, como se houvesse sido iluminado, mesmo com a ausência quase total de luz. As formas e detalhes antigos dos velhos pilares pareciam mais imponentes de alguma forma assim como todos os outros traços da construção. Tudo parecia etéreo e ao mesmo tempo vívido e claro. Os sons eram mais do que apenas o ar vibrando no espaço, eles pareciam preencher cada espaço, cada reentrância de minha mente, como se cada som fosse feito especialmente para que meus ouvidos escutassem. Parecia ser um momento reservado para que tudo aquilo acontecesse, como se o tempo houvesse parado. Um espaço no tempo no qual só nós existiamos e do qual só nós nos davamos conta, uma vigésima quinta hora.
A dor foi repentinamente aplacada, de modo que me apoiando em Aurora, eu pude me levantar.
Ali, bem à nossa frente estava a figura frondosa do homem velho, de barba e cabelos curtos e ambos prateados, e olhos profundos e analíticos nos observando, era o mesmo homem, o mesmo Alexander Hartmann, o mesmo que eu vira à quase quatro meses atrás ao lado de Samnatha, num dos bancos ao lado das árvores na rua Meadow, Trajava as mesma roupas que eram do início do século IXX, porém, agora pareciam mais nobres, e ele mais dígno de vesti-las.
De súbito, mas não inesperadamente ele se dirigiu à nós, com sua voz rouca e convidativa.
-Eu receio te-los causado muitos inconvenientes devido às arestas que deixei antes de "desencarnar" como vocês apreciam dizer. - Ele fez uma pausa e deliberou por um instante. - Eu creio que nossa "amiga" deseja que eu à acompanhe. - Ele indicou com os olhos, algo que estava à nossas costas. Era Cassidy, ou melhor... Era ela, a morte, em carne e osso. (Mesmo áquela altura das coisas eu ainda não havia me acostumado com a ideia de que a morte se disfarçasse, e que mais do que isso se "vestisse" no corpo de uma garota de vinte e dois anos, e tão pouco a chamá-la pelo nome da garota.). Eu me virei e à olhei nos olhos, eu sabia que não eram de fato os olhos dela, que a garota era apenas um receptáculo, mas eu tinha que olhar nos olhos dela.
-Por muito tempo você procurou por mim. - Disse ela. Agora ela imprimia à voz da garota cujo corpo ela usava, um pouco de sua própria voz, que, estranhamente era muito atraente, como se me convidasse a segui-la. Aurora sentiu meu sobressalto e apertou a mão em volta do meu braço.
-Mas, terá que esperar mais... Até quando? - Indagou ela á sí mesma. - Confesso que não sei até quando, embora eu saiba muito, e saiba muito do futuro das criaturas que caminham sob esta terra, o seu futuro me é incerto, Andam van der Barkksen.
Eu sorri para ela, não como sorrira para Aurora, de modo mais debochado, embora meus olhos delatassem meus reais pensamentos.
- É, pelo jeito nossos encontros não tem sido muito proveitosos.
-Você se engana se pensa dessa forma, nossos encontros tem sido... Com o perdão do trocadilho... Vitais para você, Adam.
Aurora fitou Cassidy (ou a morte) por um instante que pareceu muito longo para mim. Me dava socos no estômago a ideia de ver Aurora próxima à Cass.
-É da natureza humana procurar por mim quando as coisas se tornam insuportáveis, ou parecem sem sentido, sem porque. Mas ao contrário dos outros todos que me procuraram antes que eu os procurasse... Ao contrário deles, foi justamente em sua busca por mim que você descobriu motivos para continuar a viver.
-É, você vai ter que suar muito antes de conseguir me pegar! - Eu disse. Embora soubesse muito bem que ela não era alguém, ou algo do qual se pudesse debochar.
A figura de Alexander ainda nos fitava, austera como eu ja mais tinha visto.
Agora, repentinamente eu comecei a entender o que acontecia ali. Porque ela ainda não conduzira o espírito de Alexander para o outro lado. Ela queria ter aquela conversa comigo.
-Adam, eu creio que você saiba que eu não sou um castigo, nem um demônio ou qualquer coisa do tipo, eu sou apenas um braço da natureza, da natureza frágil e finita de tudo aquilo que tem vida.
Aurora segurou meu rosto e olhou em meus olhos com uma certo pesar, porque embora ela não partilhasse desse meu dom em especial, ela sabia tão bem quanto eu quais seriam as próximas palavras de Cass.
-Eu sei que você tem grandes ressentimentos comigo por ter levado Tess, mas não poderia ter sido de outro jeito.
Pela primeira vez em muito tempo eu pude sentir minha expressão sempre firme e alegre ruir, como um muro atingido por um carro em alta velocidade. Cass presseguiu. - Eu sei que você ainda sentia precisar dela, mas era necessário leva-la embora tenha parecido um castigo, assim como muitas das coisas necessárias parecem castigos. Por fim, eu espero que entenda que assim como vocês, seres humanos, se sentem sós em algumas missões que a vida lhes relega, eu também me sinto absolutamente só em minha missão.
-Eu confesso que gostaria de conseguir odia-la, de verdade, mas... Eu acho que...
-Eu sei. Você entende a minha importâcnia assim como eu entendo a sua.
-Eu creio que as palavras dela sejam suficientes, qualquer adendo de minha parte seria fora de propósito, apenas um Obrgado! e um adeus, apenas isso...
Talvez eu esperasse que o teto se desvanecesse em feixes de luz e Cass e Alexander fossem sugados para cima. Mas não foi assim que aconteceu, eles apenas deixaram de estar lá assim que pisquei.
Aos poucos a atmosfera do porão foi voltando ao clima mundano e frio do sul da inglaterra. A dor por sua vez não voltara, talvez um pequeno agradecimento de Cass, pelos serviços por mim prestados. Agora só havia Aurora e eu.
A dor no braço se fora, mas o cansaço não. Eu me deixei desabar de olhos fechados sobre o chão forrado de livros antigos e raros do acervo da escola.
-Adam! Meu Deus! Adam, fale comigo? Fale comigo? ADAM!!!
Após alguns segundos eu abri os olhos e mostrei a lingua para ela.
-Aha! Onde está aquele bem feito agora?
Ela ergueu a sobrancelha e torceu os lábios, no prenúncio de mais uma bronca. Eu usei o último resquicio de força que tinha para me erguer e beija-la. Eu não podia ver, mas sabia que seus olhos estavam arregalados, naquela expressão que tanto gosto. Depois seus traços se suavisaram.
-Adam, da próxima vez que você fizer isso eu juro que...
-"Te, mato".- Completei. - Aurora, será que não podemos esquecer esse negócio de morte por enquanto?
-Claro... Ainda não sabemos onde estão Samantha e Bryan, e é com eles que devemos nos preocupar...
Eu coloquei o dedo indicador nos lábios dela.
-Não vamos nos preocupar com isso por enquanto. - Disse eu sorrindo. - Eles não vão voltar tão cedo. Mas quando voltarem nós saberemos.
-Vai ser difícil ficar tranquila sabendo que eles podem voltar a qualquer momento, em qualquer lugar.
-E nós vamos ter que lidar com isso. - Eu fiz uma pausa para olhar outra vez nos olhos dela. - Mas por enquanto vamos deixar isso para lá. Hoje a morte me fez ver o quanto a vida pode ser boa. Eu segurei seu rosto e a bejei novamente.

Ênfase

Isso é algo que ja se deveria saber desde sempre. Algo básico para o seu bem estar. Eu, ja penso assim a algum tempo, mas, nos últimos tempos esse pensamento foi reforçado na minha cabeça... Eu sempre fui muito com a minha cara, em algumas épocas mais, em outras menos, mas nos ultimos tempos eu percebi o quanto gosto de mim! E o quanto gostar de mim me faz bem... Isso é mais do que suficiente pra suprir minhas ânsias. Não significa que por isso eu não preciso de mais ninguém, significa apenas que eu preciso mais de mim do que de mais alguém.
É claro que eu gosto de receber "boas energias", elogios, que venham de outras pessoas, mas isso a meu ver não é tudo, e pensar assim tem me feito um bem inexplicável. Aliás, ultimamente eu tenho conseguido fazer algo que seria bom que todos fizessem por sí, que é me apaixonar por mim mesmo. Aliás, até pra se apaixonar por outra pessoa você tem que primeiro se apaixonar por você mesmo. É isso que me impede de me esquecer de mim...
Agora me deu vontade de procurar mais qualidades em mim mesmo, e em encontrando-as, exercita-las. E procurar defeitos também, e encontrando-os, diminuí-los, mas não mata-los porque defeitos fazem parte (não em grande escala), são o "azedinho" da vida, saca? Que faz com que as coisas doces pareçam mais doces e ao mesmo tempo interrompe o excesso de doçura (porque doce demais enjoa, doce demais faz mal, cria um diabetes afetivo). Nos últimos tempos eu tenho exagerado na dose de açucar, tanto que quase faltou pra mim, e eu cheguei a correr o risco de ficar azedo! Ou de envenenar alguém com muito açucar.
Agora também me deu vontade de procurar olhos que me olhem, e procurar um pouco menos os que me ignoram... Dar ênfase à minha própria realidade...
Eu raramente me sinto sozinho, abandonado ou seja lá o que for. Não me importa o que venha dos outros, o que me digam ou façam, eu sempre vou estar lá pra mim...

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Encruzilhadas


As vezes esse meu jeito dá a impressão que não ligo pra nada. Mas não é isso, o fato é que, eu simplesmente não consigo ficar mal por muito tempo. Eu sinto como se estivesse gastando o tempo, não me utilizando dele. Não posso bater numa parede por muito tempo, ou ela se move com um certo número de batidas, ou eu fatalmente terei que seguir outro caminho! Não dá pra tentar desobistruir o caminho para sempre, nem sentar e esperar a vida toda que o muro caia, Uma hora a gente que pegar outro caminho, fazer um contorno, tem que mudar de rumo... Ja to começando. Agora vou por uma rua que queira ser caminhada por meus pés!... Ja fui!...

Para onde quer que eu rume

Desvio de curso...


Hoje eu acordei meio "Jacob Black".
Eu não queria ver ninguém, não queria pensar em nada. Vesti minha calça jeans e minha camisa preta, peguei meu garda chuva e sai, andando e só olhando pro pedaço de chão que eu podia ver a frente dos meus pés, talvez assim eu conseguisse pensar em apenas um passo de cada vez. Me concentrei apenas no som dos meus pés e da ponta do guarda-chuva tocando no chão. Eu não me preocupei em ser silnecioso, me concentrar apenas no som que eu mesmo fazia era mesmo o que eu queria, não queria ouvir as vozes das pessoas, não queira vê-las, não queria me concentrar em nada. Só queria andar, andar até que eu me esqu]ecesse de minhas pernas, eu só queria sentir músculos, ossos e nervos trabalhando, só queria sentir que meu corpo podia fazer algo que acabasse com...
De mim eu só queria força nos músculos pra andar, andar até perder o caminho de volta (o problema de andar até muito longe é que uma hora se tem que voltar pra casa). Do mundo, eu só queria o silêncio...
Mas, isso não é meu normal... Então logo eu voltei à mim, e ja começo a andar em outra direção. Uma hora se tem que fazer isso! Pode não ser tão ruim assim, olhar pra outra estrada... Esquecer as que ja passaram.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Desenhe seu universo...



Ás vezes isso é confundido com loucura mas eu acredito que não deva ser...
Quando minhas crenças são desconstruídas e minhas visões desfeitas, ou quando o futuro parece em branco eu tento me aproveitar disso; como um artista, um pintor que encontra uma tela em branco. Isso pode parecer desanimador, inconsistente. Uma tela em branco... A beleza de uma tela em branco não consiste no vazio em sí, mas sim no fato de nela podermos acrescentar a beleza que quisermos. De conjurar inspiração do "nada" do vazio e aplicar à essa tela.
Na vida ha muitos momentos em que o futuro parece uma tela em branco, e é aí que vem a inspiração pra desenharmos nosso futuro como bem quisermos, uma inspiração que vem do aparente vazio, que parece nos habitar desde sempre, desde tempos imemoriais. Diante das telas vazias é que surgem as maiores e mais incríveis obras que podemos conceber, então, nas épocas vazias de nossas vidas também devem surgir novas perspectivas mais fortes e mais incríveis do que as anteriores. Das telas em branco, do vazio, da imaterialidade é que nasce a chance de desenhar seu universo!...